Face Leste do Dedo de Deus
3º IV (A0(2)/VI) A0 D2 E2
Modalidade: tradicional
Tipo de via: principal
Face: leste
Tipo de escalada predominante: chaminé
Extensão: 180 metros
Descrição: Conquistada 32 anos após a "Via Teixeira", a conquista da "Via Leste" representou mais uma arrojada ascensão do Dedo de Deus, dessa vez sem o uso de proteções fixas - um verdadeiro marco na história da escalada em rocha. A Face Leste é uma das vias mais frequentadas de toda a região e até mesmo do Brasil.
Ainda na trilha, na bifurcação entre onde se vai para a Via Teixeira e onde se vai para a via Leste, existe um pequeno largo à esquerda, onde as cordadas podem deixar suas mochilas maiores, água extra, entre outros, permitindo-se escalar de forma mais eficiente, já que a via basicamente é formada por chaminés e fissuras de entalamento (vide observações ao final deste texto quanto a este trecho da caminhada).
A escalada, em si, da Face Leste do Dedo de Deus se inicia logo no colo entre o Dedo de Deus e o Polegar. Entretanto, dependendo da equipe, pode-se avançar por cerca de 30 metros, até se chegar a um outro platô abaixo de uma árvore. Aliás, a estratégia mais eficiente para se escalar a Face Leste do Dedo de Deus talvez seja a de se fazer por enfiadas curtas, por mais contraproducente que pareça. Ao contrário, ganha-se tempo com essa estratégia, tendo em vista as particularidades da escalada, que se faz por diverso trechos não contínuos. O primeiro lance de escalada propriamente dito se faz por um grande bloco de pedra entalado, acima dessa árvore, que pode ser vencido por fenda de entalamento (menos usual) ou à sua direita, por lances de aderência - trecho um pouco exposto, porém com lances mais fáceis. Acima dele, faz-se uma parada em uma árvore. A enfiada completa termina em uma parada dupla (grampo + chapeleta), abaixo de umas fissuras verticais, um pouco a sua direita. Para essas fissuras, no primeiro trecho recomenda-se o uso de fitas para proteger um tronco de árvore e/ou uma pedra entalada. Para o segundo trecho, é possível a utilização de peças móveis médias. A dica é terminar numa árvore logo acima da segunda fenda, antes de se fazer a virada, de modo a manter contato visual com o participante. Dali, parte-se diretamente para o gigantesco e secular tronco que fica na base da Variante Maria Cebola (à direita) e a Chaminé Blackout (à esquerda). Escalando-se pela Chaminé Blackout (percurso original), a escalada se faz de forma menos exposta - porém menos "plástica". Caso se opte por subir pela Chaminé Blackout, tenha em mente que os lances de chaminé são apertados e eventualmente "claustrofóbicos". Pela Blackout, dentro da chaminé, deve-se ir para a sua extrema direita, no sentido do fundo da chaminé, até passar por um buraco, subindo. Depois, ultrapassado o referido buraco, basta seguir para a extrema direita, onde é possível ver a luz do dia. O final da Chaminé fica em um platô que dá acesso à parte externa do Dedo de Deus e onde também termina a Variante Maria Cebola. Atenção: recomenda-se levar uma lanterna de cabeça para se fazer a Chaminé Blackout. Após este trecho, sobe-se em chaminé largura padrão. Uma vez entalado na chaminé, os pés vão caminhando por um friso diagonal à esquerda. Domina-se uma pedra entalada, onde se recomenda fazer uma parada em um grampo. Em seguida, parte-se para o segundo trecho da chaminé, onde não se escala mais em técnica de chaminé, para por uma laca, seguida de uma fenda para a direita, onde é possível utilizar proteção móvel. Ao final da chaminé, chega-se a um platô de pedra, limpo e exposto, onde se faz uma parada em um grampo + chapeleta, ao lado de outra chaminé. Em seguida, dentro da referida chaminé, anda-se por um corredor até o seu final e parte-se em lance de chaminé padrão, passando à esquerda de uma pedra entalada. Acima da pedra, é possível fazer uma parada móvel em pedras entaladas (mais recomendável para que se possa rebocar mochilas, além de não perder contato visual com o participante) ou esticar-se um pouco mais e, subindo por um bloco à direita, fazer um parada com fita em um ótimo bico de pedra. Dali em diante, chega-se ao famoso lance do "Pulo do Gato" - um A0 para se dominar um bloco de pedra. Logo acima desse bloco, pode-se parar em um platô, ancorado em um arbusto, e chamar o participante. Depois, mais um trecho de chaminé. Para essa trecho, a dica está em se procurar um friso para os pés, em diagonal, no sentido do fundo da chaminé. Ao final do friso, há algumas pedras entaladas, na altura da cabeça, que são dominadas até se chegar a um platô, dentro de um salão, que fica na base do famoso lance do "Pulo do Gigante". Partindo-se do salão, entra-se em uma fenda, costura-se um bico de pedra e se faz o "Pulo do Gigante": um lance em aderência em que se abre a perna para se transpor de um lado para o outro da pedra, onde há um fenda de entalamento de mãos. Depois desse lance, sobe-se escalando por uma rampa, com as costas pressionadas na pedra acima, até se chegar a última parada dupla antes do lance da escadinha. Em seguida, após essa parada, sobe-se caminhando até o lance da escadinha. Neste trecho não há proteções fixas para a parada e nem possibilidades óbvias de proteção móvel. Sugere-se utilizar a própria ferragem da escadinha para se fazer um ponto de ancoragem e, em seguida, costura-se com fita a própria escadinha para vencê-la, até chegar-se ao cume.
Quanto ao rapel, recomenda-se seja feito pela "Via Teixeira" (total de 3 trechos de rapel), descendo-se a partir da escadinha, no sentido oposto ao da chegada da Face Leste. Para iniciar este rapel, utiliza-se um grampo antigo como ancoragem, e se vai desescalando a escadinha, à medida que se desce por rapel. Quando se chegar à trilha, há ainda outros 2 lances de rapel (trechos de degraus e cabos de aço).
Obs: após um trecho inicial de cerca de 50 minutos a 1 hora de caminhada, chega-se a um trecho com uma sequência de 6 chapeletas, que são vencidas em A0 (estilo "french free", ou seja, costurando-se e catando nas próprias costuras. Em seguida, os cabos de aço são alcançados. Recomenda-se fortemente que todo o trecho de cabo de aço seja feito com mesmo estilo de proeteção de uma escalada tradicional, ou seja, costurando-se os grampos e chapeletas e passando a corda nas costuras. Além dessas 6 chapeletas de A0 existem mais 3 para eventualmente se costurar e uma parada dupla no primeiro platô. Na outra enfiada de cabo de aço há mais 3 chapeletas e parada em uma chapeleta simples acima. Por fim, há mais 2 trechos curtinhos de cabo com uma parada dupla de grampos acima, e no fim da trilha mais 3 pontos de cabo até a base da leste (um desses pontos é a bifurcação das trilhas Leste e Teixeira. À direita, a Leste; e, subindo reto, a "Via Teixeira", com um curto cabo de aço. Logo após a bifurcação, no sentido da Via Leste, há um trecho da trilha bastante erodido e exposto, com degraus de aço inox. Recomenda-se fazer este trecho encordoado, utilizando os próprios degraus e proteções fixas para costura.
Coordenadas: -22.47348841471891,-43.00753488702392
Equipamento mínimo necessário:
- 1 corda 60 metros
- 8 costuras (algumas longas)
- Fitas e mosquetões diversos
- 1 estribo (para o lance do "Pulo do Gato")
- Cam #2 - para as fendas após a primeira parada dupla (grampo + chapeleta)
- Obs 1: para se fazer a Variante Maria Cebola: cam#1 #2 #3. Para o final, cam #4 (opcional)
- Obs 2: o início dos cabos demanda 6 costuras (algumas longas), mais 2 até a parada dupla
Data da conquista: 1944
Conquistadores (em ordem alfabética):
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