Tendo em vista a forte e crescente preocupação da comunidade de montanhistas e escaladores no Brasil com as questões éticas que permeiam o esporte, ao longo do anos diversas publicações vêm sendo disponibilizadas, no sentido de disciplinar códigos de ética e normas de conduta. A seguir, alguns destes textos:
- Código de Ética (FEMERJ)
- Sobre Ética, Estilo e Agarras Cavadas
- Novo Código de Ética da Montanha (UIAA)
- Código de Ética do I Congresso Brasileiro de Montanhismo
- A Declaração do Tirol sobre a Boa Prática nos Esportes de Montanha
Código de Ética (FEMERJ)
A FEMERJ, através de seu Código de Ética, busca possibilitar a compatibilidade da prática do
montanhismo e a conservação do ambiente natural; bem como a convivência entre os
montanhistas, moradores e demais visitantes das montanhas, frente a sua diversidade de
expectativas e diferentes qualidades de experiências.
1. Zelar pelas montanhas e seus acessos, promover o mínimo impacto ambiental, escalar e
caminhar com responsabilidade.
2. Seguir as recomendações de mínimo impacto ambiental, incluindo as discutidas e acordadas em
Seminários de Mínimo Impacto promovidos pela FEMERJ.
3. Tratar os moradores da área visitada e outros visitantes, sejam montanhistas ou turistas, com
cortesia e respeito. Sua liberdade e direito termina onde começa a do próximo.
4. Proteger o patrimônio natural e cultural dos locais visitados, incluindo sítios arqueológicos,
paleontológicos e cavernas.
5. Usar as trilhas existentes - não criar nem usar atalhos, pois estes favorecem a erosão e a
destruição da vegetação.
6. Durante a escalada ou o rapel, fazer o possível para reduzir os danos sobre a vegetação. Não
obstante, evitar a prática exclusiva de rapel em vias de escalada.
7. Respeitar o Direito Autoral, assim a adição ou a retirada de pontos de segurança em escaladas
já conquistadas devem ser somente realizadas com a autorização dos conquistadores e/ou clube
responsável. Respeitar a pluralidade de estilos.
8. Em caso de manutenção (escaladas e caminhadas), os conquistadores e/ou o clube
responsável deverão ser anteriormente contatados.¹
9. Em caso de conquista, empreender esforços para a conclusão da via. Não começar uma
conquista sem a intenção de terminá-la. Não fazer pseudo-conquistas batendo apenas um grampo
na base. Em caso de alguma impossibilidade, temporária ou definitiva, de continuação da
conquista, comunicar à comunidade local, deixando-a aberta a todos.
10. Restringir sua passagem na parede ao estritamente essencial. Não usar proteções fixas ao
lado de fissuras, fendas, rachaduras e buracos que possam ser protegidas com proteções móveis.
11. Minimizar o impacto visual em boulders e falésias, habituando-se a limpar as agarras
frequentemente.
12. A rocha natural já nos oferece desafios suficientes. Não colocar agarras artificiais, quebrar
propositalmente ou cavar agarras.
13. Apenas realizar campeonatos, competições e eventos em áreas destinadas ao uso intensivo
(muros de escalada artificiais, estradas e praças públicas), de modo que não haja aglomerações de
pessoas em espaços naturais, visando o mínimo impacto.
14. Não fazer pinturas, colocar faixas, fazer pichações ou outras marcações no ambiente natural.
15. Você é responsável por sua segurança. Responsabilizar-se pelas decisões sobre onde, com
quem e quando escalar / caminhar, cabe somente a você, como também pela sua capacitação,
equipamento e a manutenção dos mesmos.
16. Evite atos que coloquem outras pessoas em risco e alerte sobre perigos em potencial.
¹ Caso não seja possível este contato e a via não esteja sob a responsabilidade de um clube, entre em contato com a FEMERJ.
Fonte: site da Federação de Montanhismo do Estado do Rio de Janeiro - FEMERJ, disponível em
http://www.femerj.org/wp-content/uploads/codigo_de_etica_femerj.pdf
Sobre Ética, Estilo e Agarras Cavadas
Cada pedaço de rocha é parte da história do planeta e também uma testemunha fundamental da evolução de nosso esporte: de faces de montanha a problemas de boulders, a história da escalada está intimamente relacionada às rochas e às montanhas.
Quando olhamos para trás, vemos que lances outrora considerados “impossíveis”, agora são regularmente escalados, se tornando um testemunho da capacidade de superação humana e a semente necessária para o crescimento e desenvolvimento do esporte.
Atualmente vemos a lamentável atitude de esculpir agarras em vias de escaladas no Rio de Janeiro, como no Ás de Espada, Italianos, Coringa e Stopida (Pão de Açúcar) e no K2 (Corcovado). Esse ato, independentemente da motivação, é totalmente inaceitável e constitui-se em egocêntrico, imediatista e limitante.
Quando se busca um atalho, como cavar ou esculpir agarras, o dano não é apenas àquela via e àquela rocha, e sim ao futuro e à evolução do esporte. Uma rocha com agarras cavadas se torna imediatamente um cristal trincado. Não há volta. Cavar agarras é uma violência contra a natureza, contra o estilo, contra o montanhismo e contra a escalada.
Escale muito, treine forte, divirta-se e lembre-se: o futuro está literalmente em nossas mãos. Algumas rochas podem parecer “inescaláveis”.
E talvez realmente assim sejam.
Pelo menos, por enquanto.
https://vimeo.com/269532173
Novo Código de Ética da Montanha (UIAA)
Em comemoração ao Dia Internacional da Montanha, em 11 de dezembro de 2009, a UIAA divulgou o NOVO CÓDIGO DE ÉTICA DA MONTANHA.
Essa declaração fala sobre a nossa ética como esportistas, respeito a culturas e cuidado com o meio-ambiente, e foi aprovada pela Assembleia Geral da UIAA em 10 de outubro de 2009.
Ela possui 12 tópicos principais, incluindo itens tais como a responsabilidade em auxiliar outros em necessidade, o relato de ascensões e o uso de oxigênio suplementar. Esta declaração é assinada por mais de 40 federações de montanhismo ao redor do mundo.
Código de Ética da Montanha
1. A Responsabilidade Individual
Montanhistas e escaladores praticam seu esporte em situações onde há riscos de acidentes e onde a ajuda externa pode não estar disponível. Com isto em mente, eles exercem essa atividade por sua própria conta e risco e são responsáveis por sua própria segurança. As ações dos indivíduos não devem pôr em perigo pessoas ao seu redor, nem danificar o ambiente. Por exemplo, a fixação de proteções fixas em novas rotas ou já existentes pode não ser automaticamente considerada como aceitável.
2. Espírito de Equipe
Membros de uma equipe devem estar preparados para fazer concessões, a fim de equilibrar as necessidades e aptidões de todo o grupo. A equipe será invariavelmente mais bem-sucedida onde os membros apoiam e incentivam um ao outro.
3. Escalada e Montanhismo em Comunidade
Cada pessoa que encontramos nas montanhas ou em uma rocha merece igual respeito. Mesmo em lugares remotos e em situações estressantes, nós devemos sempre tratar os outros como queremos ser tratados.
4. Visitante Estrangeiro
Quando somos convidados de países estrangeiros, devemos sempre ter uma conduta educada e moderada. Devemos mostrar consideração para as pessoas locais e sua cultura - eles são os nossos anfitriões. Devemos respeitar estilo e ética local de escalada e nunca fazer furos ou colocar proteções fixas onde exista uma tradicional ética contra isto ou quando não exista ética estabelecida no local. Vamos respeitar montanhas sagradas e outros lugares sagrados e sempre procuraremos maneiras de beneficiar e assistir economias e pessoas do local. Uma compreensão de culturas estrangeiras é parte de uma experiência de escalada completa.
5. Responsabilidades de Guias de Montanha e outros líderes
Guias de montanha profissionais, líderes e membros de grupos que são condutores devem entender seus respectivos papéis e respeitar as liberdades e direitos de outros grupos e indivíduos. Nesta declaração, reconhecemos os elevados padrões da prática atingidos por guias de montanha e seu corpo profissional.
6. Emergências, Agonia e Morte
Temos de estar preparados para emergências e situações que resultam em graves acidentes e morte. Todos os participantes em esportes de montanha deve claramente compreender os riscos e perigos e a necessidade de ter competência, conhecimento e equipamento. Eles precisam estar prontos para ajudar outros em caso de uma de emergência ou acidente e também estar pronto para enfrentar as consequências de uma tragédia. E espera-se que operadoras comerciais, em especial, alertem os seus clientes que os seus objetivos podem ter que ser sacrificados para ajudar os outros em perigo.
7. Acesso e Preservação
Nós acreditamos que a liberdade de acesso a montanhas e falésias de maneira responsável é um direito fundamental. Nós devemos sempre praticar nossas atividades de forma ambientalmente sensível e ser proativo na preservação da natureza e meio ambiente. Devemos sempre respeitar as restrições de acesso e regulamentos acordado entre escaladores e organizações de conservação da natureza e das autoridades.
8. Estilo
A qualidade da experiência e como podemos resolver um problema é mais importante do que se formos bem sucedidos. Devemos sempre nos esforçar para não deixar nenhum rastro na rocha ou na montanha.
9. Conquistas
A primeira ascensão de uma rota ou uma montanha é um ato criativo. Deve ser concluída de uma forma condizente com o estilo e as tradições da região. A forma como a subida foi conseguida devem ser relatada com exatidão.
10. Patrocínios, Publicidade e Relações Públicas
A cooperação entre os patrocinadores e montanhistas ou escaladores devem ser um relacionamento profissional que sirva aos melhores interesses dos esportes de montanha. É responsabilidade da comunidade de esportes de montanha educar e informar tanto a mídia quanto o público de uma forma proativa.
11. Uso de oxigênio suplementar no Montanhismo
O uso de oxigênio suplementar no alpinismo de altitude tem sido debatido há vários anos. Neste debate, diferentes componentes relacionadas ao tema podem ser distinguidos, como aspectos médicos e considerações éticas. Os aspectos médicos deve ser uma preocupação primordial para todos os montanhistas.
Considerações éticas são deixadas individualmente para o alpinista, desde que, se um escalador faz uso de oxigênio, planejamentos sejam feitos para remover garrafas usadas da montanha.
12. Expedições Comerciais de Altitude
Espera-se que as expedições comerciais, especialmente aquelas sem qualificações, tentando 8000m ou outros picos comparáveis que oferecem facilidades de resgate limitadas reconheçam as limitações dos clientes sob seus cuidados. Todos os esforços devem ser feitos para garantir a segurança desses clientes e também para avisar os seus clientes de que os planos podem ter que ser reduzidos para ajudar a outros em perigo na montanha.
Fonte: Confederação Brasileira e Montanhismo e Escalada - CBME
Código de Ética do I Congresso Brasileiro de Montanhismo
Este código de ética foi discutido no 1º Seminário Paranaense em Março de 1993, e levado para discussão no 1º Congresso Brasileiro de Montanhismo realizado em Curitiba em Julho do mesmo ano.
Dos Pontos De Segurança (Grampos Fixos ou Chapeletas)
• Durante uma conquista deve ser observado o posicionamento dos pontos de segurança, de modo que em hipótese alguma de queda, o escalador toque o solo, arestas ou saliências, representando perigo à sua própria integridade;
• É proibida a adição de pontos de segurança em escaladas já conquistadas, sem autorização dos conquistadores;
• Em caso de regrampeação os escaladores não possuem poder algum para descaracterizar qualquer rota, transferindo a original proteção dos pontos de segurança, de acordo com o artigo primeiro anterior;
• A utilização de dupla proteção nos pontos de parada é um fator que diminui a ocorrência de acidentes e deve ser sempre observada;
• Sempre que possível os pontos de rapel devem ser comuns à varias escaladas;
• Os pontos de segurança estão sujeitos às intempéries e devem merecer constantes observações todo início de uma escalada;
• Um ponto de segurança visivelmente mal colocado, deve ser evitado e informado à União Local de Escaladores para a sua substituição de acordo com o artigo segundo deste;
Do Meio Ambiente
• Nenhuma escalada deve transgredir as leis de proteção ambiental. Todas as situações à parte devem ser discutidas pela União Local de Escaladores e decidido através de votação por maioria absoluta ( 50% mais um voto );
• Todo escalador é responsável pelo seu material e lixos;
• Todo escalador tem a obrigação de divulgar e conscientizar a proteção ao meio ambiente;
Do Material Móvel
• Deverá ser utilizado material móvel sempre que possível, evitando-se o uso de pontos fixos ao lado de fissuras, fendas, rachaduras às quais seria óbvio o uso de materiais móveis;
Ética e Estilo
• Ética e estilo nunca devem ser confundidos, sendo que ética são regras que definem uma atitude ou postura diante do esporte e ao meio e é flexível de uma região para outra. O estilo faz parte das características de cada escalador, ilimitado e autojustificado na relação de movimentos ao realizar uma escalada;
• Corda de cima, Hang Dog, Pink Point, Red Point e Solo, ficam classificados como estilo reservado de cada escalador que saberá definir seus limites, sendo porém mundialmente conhecido como melhor estilo o On Sight guiando;
Da Conquista
• Nenhum escalador possui o direito de reservar para si qualquer rota ou pedaço de pedra, somente se estiver colocando evidentes esforços para efetuação de seus objetivos, seja aproximação, ou colocação de grampos. Em caso da modificação das intenções o escalador tem a responsabilidade de expressá-las à comunidade local, deixando-a aberta a todos;
• Toda conquista deverá ser divulgada no catálogo que deve ser editado anualmente;
Da Graduação
• Todo grau de escalada deve ser considerado On Sight;
• As graduações de artificiais devem estar dentro dos padrões, fator H e segurança expostos no catálogo local;
Da Moral
• Todo escalador deve utilizar de sua liberdade, usufruindo de seu espaço respeitando o próximo;
• É considerado imoral marcar com magnésio rotas ou boulders, com intuito único de legitimar uma ascensão não executada;
• Todo escalador tem a obrigação de prestar auxílio em caso de eminente perigo;
• Todo escalador tem o dever moral de transmitir uma boa atitude em relação à montanha e à prática do esporte;
Do Equipamento, do Resgate ou Acidente
• Todo escalador tem a obrigação de prestar auxílio técnico ou de primeiros socorros, quando assim lhe for pedido;
• Todo escalador é responsável pelo seu equipamento e manutenção do mesmo;
Conclusão Sobre o Código
Este código pode e deve ser alterado sempre que necessário e em consenso da União Local de Escaladores. Deverá ser respeitado por toda a comunidade e visitantes.
Fonte: site da Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro - FEMERJ, disponível em
http://www.femerj.org/wp-content/uploads/femerj_codigo_etica_i_congresso_montanhismo.pdf
A Declaração do Tirol sobre a Boa Prática nos Esportes de Montanha
“Ampliem seus limites, elevem seus espíritos e almejem o topo” Adotada pela Conferência sobre o Futuro dos Esportes de Montanha, Innsbruck, 6 – 8 de Setembro, 2002
Por todo o mundo, milhões de pessoas praticam montanhismo, caminhada, trekking e escalada em rocha. Em muitos países, esportes de montanha se tornaram um fator significante no dia-adia.
Quase nenhuma outra atividade engloba tão amplo espectro motivacional como os esportes de montanha. Eles proporcionam às pessoas a oportunidade de concretizar objetivos pessoais e de participar de uma atividade significativa por toda a vida. Os motivos para estar ativo nas montanhas e sobre as rochas se estendem de benefícios da saúde, prazer do movimento, contato com a natureza e incentivos sociais à emoção da exploração e da aventura.
A Declaração do Tirol sobre a Melhor Prática em Esportes de Montanha, promulgada pela Conferência sobre o Futuro dos Esportes de Montanha em Innsbruck, em 8 de setembro de 2002, contém um conjunto de valores e máximas que proporcionam uma orientação sobre a melhor prática em esportes de montanha. Não são regras ou instruções detalhadas – no lugar disso, elas:
- Definem os valores fundamentais atuais nos esportes de montanha
- Contêm princípios e padrões de conduta
- Formulam os critérios de ética para tomada de decisões em situações incertas
- Apresentam princípios éticos pelos quais o público pode julgar os esportes de montanha
- Introduzem a iniciantes os valores e princípios morais de seu esporte.
É objetivo da Declaração do Tirol ajudar a concretizar o potencial inato dos esportes de montanha para recreação e para crescimento pessoal, e também para promoção de desenvolvimento social, compreensão cultural e consciência ambiental. Para essa finalidade, a Declaração do Tirol se vale de valores e códigos de conduta não escritos inerentes ao esporte e os expande para satisfazer as demandas de nosso tempo. Os valores fundamentais em que a Declaração do Tirol é baseada valem para todos os praticantes de esportes de montanha de todo o mundo – sejam eles caminhantes e andarilhos, escaladores esportivos ou montanhistas buscando estender seus limites em grandes altitudes. Mesmo que algumas das orientações de conduta sejam relevantes apenas para uma pequena elite, muitas das propostas formuladas na Declaração do Tirol são endereçadas à comunidade de esportes de montanha como um todo. Com essas sugestões nós desejamos atingir nossos jovens, pois eles são o futuro dos esportes de montanha.
A Declaração do Tirol é um apelo para que:
• Aceitem os riscos e assumam responsabilidade
• Equilibrem seus objetivos com suas habilidades e equipamentos
• Joguem por meios razoáveis e relatem honestamente
• Esforcem-se pela melhor prática e nunca parem de aprender
• Sejam tolerantes, respeitem e ajudem uns aos outros
• Protejam o caráter selvagem e natural das montanhas e paredes
• Apoiem as comunidades locais e seu desenvolvimento sustentável.
A Declaração do Tirol se baseia na seguinte hierarquia de valores:
• Dignidade humana – a premissa de que seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos e de que devem tratar uns aos outros em espírito de fraternidade. Atenção particular deve ser dada para equalizar os direitos de homens e mulheres.
• Vida, liberdade e felicidade – como direitos humanos inalienáveis e com a responsabilidade especial nos esportes de montanha de ajudar a proteger os direitos das comunidades em áreas montanhosas.
• Proteção da natureza – como um compromisso para assegurar o valor ecológico e as características naturais de montanhas e paredes em todo o mundo. Isso inclui a proteção de espécies ameaçadas de flora e fauna, de seus ecossistemas e da paisagem.
• Solidariedade – com uma oportunidade de, por meio da participação em esportes de montanha, promover trabalho em equipe, cooperação e compreensão, e superar barreiras em função de sexo, idade, nacionalidade, nível de habilidade, origem social ou étnica, religião ou crença.
• Realização pessoal – como uma chance de, por meio da participação em esportes de montanha, progredir significativamente em metas importantes e lograr satisfação pessoal.
• Verdade – como reconhecimento de que a honestidade em esportes de montanha é essencial para a avaliação de feitos. Se a arbitrariedade toma o lugar da verdade, torna-se impossível valorar a performance na escalada.
• Excelência – como uma oportunidade de, por meio da participação em esportes de montanha, esforçar-se para atingir metas ainda inalcançadas e para estabelecer padrões mais elevados.
• Aventura – como reconhecimento de que, em esportes de montanha, a administração do risco por meio de avaliação criteriosa, habilidades e responsabilidade pessoal é um fator essencial. A diversidade de esportes de montanha permite a qualquer um escolher sua própria aventura, na qual habilidades e perigos estejam em equilíbrio.
Os Artigos da Declaração do Tirol
As Máximas e as Diretrizes da Declaração do Tirol
Artigo 1 – Responsabilidade Individual
MÁXIMA
Montanhistas e escaladores praticam seus esportes em situações nas quais há risco de acidentes e em que a ajuda externa pode não estar disponível. Com isso em mente, eles se dedicam a essas atividades sob sua própria responsabilidade, sendo de sua conta sua própria segurança. As ações de um indivíduo não devem expor a perigo nem o próximo, nem o meio ambiente.
1. Nós escolhemos nossas metas de acordo com nossas reais habilidades ou com as da equipe e de acordo com as condições na montanha. Desistir da escalada deve ser uma opção válida.
2. Nós nos asseguramos de que temos o treinamento adequado para nosso objetivo, de que planejamos nossa escalada ou caminhada cuidadosamente, tendo providenciado as preparações necessárias.
3. Nós nos asseguramos de que estamos equipados apropriadamente em cada excursão e que sabemos como usar o equipamento.
Artigo 2 – Espírito de Equipe
MÁXIMA
Membros de uma equipe devem estar dispostos a fazer concessões para equilibrar os interesses e habilidades de todo o grupo.
1. Cada membro da equipe deve estimar seus companheiros de equipe e deve assumir responsabilidade pela segurança deles.
2. Nenhum membro de equipe deve ser deixado sozinho se isso colocar em risco seu bem-estar.
Artigo 3 – Comunidade de Escalada & Montanhismo
MÁXIMA
Nós devemos a todas as pessoas que encontramos nas montanhas ou nas rochas uma porção igual de respeito. Mesmo em condições isoladas e em situações estressantes, nós não devemos nos esquecer de tratar os outros da maneira como queremos que nos tratem.
1. Nós fazemos tudo o que podemos para não expor os outros a perigo e nós avisamos os outros sobre perigos em potencial.
2. Nós asseguramos que ninguém seja discriminado.
3. Como visitantes, nós respeitamos as regras locais.
4. Nós não atrapalhamos ou perturbamos os outros mais do que o necessário. Nós damos passagem a grupos mais velozes. Nós não ocupamos vias que outros estejam aguardando para fazer.
5. Nossos relatórios de escaladas refletem com veracidade os eventos reais em detalhe.
Artigo 4 – Visitando Países Estrangeiros
MÁXIMA
Como convidados em culturas estrangeiras, nós devemos sempre nos comportar de forma educada e com comedimento em relação aos nativos – nossos anfitriões. Nós vamos respeitar montanhas sagradas e outros lugares sagrados, ao mesmo tempo em que buscaremos beneficiar e ajudar a economia local e os nativos. Compreensão de culturas estrangeiras é parte de uma experiência completa de escalada.
1. Sempre trate as pessoas do país anfitrião com simpatia, tolerância e respeito.
2. Cumpra estritamente qualquer regulamento de escalada implementado pelo país anfitrião.
3. É aconselhável ler sobre a história, sociedade, estrutura política, arte e religião do país a ser visitado antes de embarcar na viagem para melhorar nosso entendimento sobre suas pessoas e seu ambiente. No caso de incerteza política, busque conselho oficial.
4. É sábio desenvolver algumas habilidades básicas na língua do país anfitrião: formas de saudação, por favor e obrigado, dias da semana, hora, números etc. É sempre impressionante ver como esse investimento tão pequeno melhora a qualidade da comunicação. Dessa forma, nós
contribuímos para o entendimento entre as culturas.
5. Nunca deixe passar uma oportunidade de compartilhar suas habilidades de escalada com locais interessados. Expedições conjuntas com escaladores nativos são o melhor cenário para troca de experiências.
6. Nós evitamos a todo custo ofender os sentimentos religiosos de nossos anfitriões. Por exemplo, nós não devemos mostrar pele descoberta em lugares em que isso seja inaceitável por razões religiosas ou sociais. Se algumas expressões de outras religiões estão além de nossa compreensão, nós somos tolerantes e evitamos julgar.
7. Nós damos toda assistência possível a habitantes locais em necessidade. Um médico de expedição está sempre em posição de fazer uma diferença decisiva na vida de uma pessoa extremamente doente.
8. Para beneficiar economicamente as comunidades de montanha, nós compramos produtos regionais, se viável, e nos valemos dos serviços locais.
9. Nós somos encorajados a assistir comunidades de montanha iniciando e sustentando empreendimentos que favoreçam o desenvolvimento sustentável, como por exemplo os serviços de treinamento e educação ou iniciativas econômicas ecologicamente compatíveis.
Artigo 5 – Responsabilidades de Guias de Montanha e outros Líderes
MÁXIMA
Cada guia de montanha profissional, líder e membro de grupo deve entender seu respectivo papel e respeitar as liberdades e direitos de outros grupos e indivíduos. Para serem guias preparados, líderes e membros de grupos devem entender as demandas, os perigos e os riscos do objetivo, ter as habilidades necessárias, experiência e equipamento adequado, e checar o tempo e outras condições.
1. O guia ou líder informa o cliente ou o grupo sobre o risco inerente em uma escalada e sobre o nível real de perigo, e, se os participantes têm experiência suficiente, envolve-os no processo de tomada de decisão.
2. A via selecionada deve estar adequada à habilidade e à experiência do cliente ou do grupo de maneira a assegurar que a experiência seja agradável e enriquecedora.
3. Se necessário, o guia ou líder reconhece o limite de sua própria habilidade e, quando apropriado, indica colegas mais capazes para os clientes ou grupos. É responsabilidade dos clientes e dos membros de grupos deixar claro se eles acreditam que um risco ou perigo é muito grande e se o retorno ou opções alternativas devem ser seguidas.
4. Em circunstâncias como escaladas extremas e ascensões em alta montanha, guias e líderes devem informar com cuidado seus clientes e grupos para se certificarem de que todo mundo está totalmente alertado sobre os limites de suporte que guias e líderes podem prover.
5. Guias locais informam a colegas visitantes sobre as particularidades características de sua área e sobre as condições atuais.
Artigo 6 – Emergências, Morbidez e Morte
MÁXIMA
Para estarem preparados para emergências e situações envolvendo acidentes sérios e morte, todos os praticantes de esportes de montanha devem entender claramente os riscos e perigos e a
necessidade de se ter habilidades, conhecimentos e equipamentos adequados. Todos os praticantes precisam estar prontos para ajudar os outros no caso de uma emergência ou acidente, e também estar preparados para encarar as conseqüências de uma tragédia.
1. O socorro a alguém em apuros tem absoluta prioridade sobre atingir objetivos que estipulamos para nós mesmos nas montanhas. Salvar uma vida ou reduzir o dano à saúde de uma pessoa ferida é muito mais valoroso do que a mais difícil de todas as conquistas.
2. Numa emergência, se ajuda externa não está disponível e nós estamos em posição de ajudar, devemos estar preparados para dar todo o suporte que podemos às pessoas em apuros, desde que seja viável sem nos expor ao perigo.
3. Deve ser proporcionado a quem esteja seriamente ferido ou moribundo todo conforto possível, bem como lhe deve ser oferecido suporte de preservação de vida.
4. Em uma área remota, se não for possível recuperar o corpo, deve ser registrada a localização da forma mais precisa possível, bem como quaisquer indicações da identidade do morto.
5. Objetos como câmera, diário, notebook, fotos, cartas e outros artefatos pessoais devem ser guardados e entregues aos familiares.
6. Sob nenhuma circunstância podem ser publicadas fotos do morto sem o consentimento prévio da família.
Artigo 7 – Acesso e Conservação
MÁXIMA
Nós acreditamos que a liberdade de acesso a montanhas e paredes de maneira responsável é um direito fundamental. Nós devemos sempre praticar nossas atividades de uma forma ambientalmente sensível e devemos ser proativos na preservação da natureza. Nós respeitamos restrições a acesso e regulamentos acordados entre escaladores e organizações de conservação de natureza e autoridades.
1. Nós respeitamos as medidas de preservação de ambientes de parede e montanha e da vida selvagem que eles sustentam, e nós encorajamos nossos companheiros escaladores a fazer o mesmo. Evitando fazer barulho, nós nos esforçamos na redução da perturbação da vida selvagem ao mínimo.
2. Se possível, nós nos locomovemos para nossos destinos usando transporte público ou outros transportes coletivos para minimizar o tráfico nas estradas.
3. Para evitar erosão e não perturbar a vida selvagem, nós permanecemos nas trilhas durante aproximações e descidas e, quando fora da trilha, escolhemos a rota menos agressiva ao ambiente.
4. Durante os períodos de acasalamento e nidificação de espécies que habitam as montanhas, nós respeitamos restrições sazonais de acesso. Logo que tomamos ciência de qualquer atividade de acasalamento, nós devemos passar adiante essa informação para outros escaladores e assegurar que eles fiquem fora da área de nidificação.
5. Durante conquistas, nós tomamos o cuidado de não ameaçar o biótopo de espécies raras de plantas e animais. Ao equipar ou reequipar vias, nós devemos tomar todas as precauções para minimizar seu impacto ambiental.
6. As conseqüências da popularização de áreas através de retrogrampeação devem ser cuidadosamente consideradas. O aumento de números pode causar problemas de acesso.
7. Nós minimizamos o dano à rocha por meio da utilização da técnica de proteção menos prejudicial.
8. Nós não apenas carregamos nosso próprio lixo de volta para a civilização, como também catamos qualquer detrito deixado por outros.
9. Na ausência de instalações sanitárias, nós mantemos uma distância adequada de casas, locais de acampamento, córregos, rios e lagos durante a defecação e tomamos todas as medidas necessárias para evitar dano ao ecossistema. Nós procuramos não agredir o senso estético das pessoas. Em áreas muito freqüentadas com um baixo nível de atividade biológica, os escaladores têm o encargo de carregar de volta suas fezes.
10. Nós mantemos o local de acampamento limpo, evitando gerar lixo tanto quanto possível ou dispondo dele adequadamente. Todos os materiais de escalada – cordas fixas, barracas e garrafas de oxigênio – devem ser removidos da montanha.
11. Nós mantemos o consumo de energia no mínimo. Especialmente em países com falta de lenha, nós evitamos ações que possam contribuir para a destruição das florestas. Em países com florestas ameaçadas, nós precisamos levar combustível suficiente para preparar comida para todos os participantes da expedição.
12. Turismo de helicóptero deve ser minimizado onde for prejudicial à natureza ou à cultura.
13. Em conflitos sobre matérias de acesso, proprietários de terra, autoridades e associações devem negociar soluções satisfatórias para todas as partes.
14. Nós temos papel ativo na implementação de regulamentos, especialmente dando publicidade a eles e implementando a infraestrutura necessária.
15. Ao lado de associações de montanhismo e outros grupos de conservação, nós somos proativos a nível político no que diz respeito à proteção de habitats naturais e do ambiente.
Artigo 8 – Estilo
MÁXIMA
A qualidade da experiência e a forma como resolvemos o problema é mais importante do que se o resolvemos. Nós nos esforçamos por não deixar rastros.
1. Nós almejamos preservar o caráter original de todas as escaladas, em especial aquelas com importância histórica. Isso significa que os escaladores não devem aumentar a quantidade de proteções fixas em vias existentes. A exceção é quando há um consenso local – incluindo a aprovação dos conquistadores – para mudar o nível de proteções fixas por meio da colocação de novas peças ou da remoção de proteções existentes.
2. Nós respeitamos a diversidade de tradições regionais e não tentaremos impor nosso ponto de vista a outras culturas de escalada – nem aceitaremos os valores de outros impostos sobre os nossos.
3. Rochas e montanhas são um recurso limitado para aventura que deve ser compartilhado por escaladores com os mais diversos interesses e por muitas gerações que virão. Nós entendemos que gerações futuras precisarão encontrar suas próprias NOVAS aventuras dentro desse limitado recurso. Nós tentamos desenvolver paredes ou montanhas de uma forma que não roube a oportunidade do futuro.
4. Em uma região em que grampos são aceitos, é desejável que sejam mantidas vias, seções de morros ou morros inteiros livres de grampos de maneira a preservar um refúgio para aventura e para mostrar respeito pelos diversos interesses de escalada.
5. Vias com proteções naturais podem ser tão divertidas e seguras para escaladores recreativos
quanto vias grampeadas. A maior parte dos escaladores pode aprender a colocar proteção natural segura e todos devem ser educados para o fato de que isso proporciona aventura adicional e uma experiência rica e natural, com segurança comparável, uma vez aprendidas as técnicas.
6. Em caso de grupos com interesses conflitantes, os escaladores devem resolver suas diferenças através de diálogo e negociação para evitar que o acesso seja ameaçado.
7. Pressões comerciais nunca devem influenciar a ética de escalada de uma pessoa ou de uma região.
8. Bom estilo em alta montanha implica no não uso de corda fixas, drogas de aumento de performance ou oxigênio engarrafado.
Artigo 9 – Conquistas
MÁXIMA
A conquista de uma via ou de uma montanha é um ato de criação. Ela deve ser feita em bom estilo de acordo com as tradições da região e devem mostrar responsabilidade com a comunidade de escalada local e com as necessidades dos escaladores futuros.
1. Conquistas devem ser ambientalmente responsáveis e compatíveis com regulamentos locais, com as vontades dos proprietários dos terrenos e com os valores espirituais da população local.
2. Nós não vamos desfigurar a rocha por meio da quebra ou da adição de agarras.
3. Em regiões alpinas, as conquistas devem ser feitas exclusivamente guiando (sem peça préfixada acima).
4. Uma vez respeitadas as tradições locais, cabe ao conquistador determinar o nível de proteções fixas em suas vias (levando em consideração as sugestões do artigo 8).
5. Em áreas designadas como reservas selvagens ou naturais por administradores ou pelo comitê de acesso local, grampos devem ser limitados ao mínimo absoluto para preservação do acesso.
6. Cavar buracos e bater grampos durante a conquista de vias em artificial deve ser mantido em um mínimo (grampos devem ser evitados mesmo em ancoragens de paradas, a menos que sejam absolutamente necessários).
7. Vias de aventura devem ser deixadas tão naturais quanto possível, contando com proteção móvel sempre que viável e utilizando grampos apenas quando necessário e sempre sujeitando-se às tradições locais.
8. O caráter independente das vias adjacentes não deve ser comprometido.
9. No relatório de conquistas, é importante relatar os detalhes com a maior precisão possível. A honestidade e a integridade de um escalador serão presumidas a menos que haja evidência comprometedora.
10. Altas montanhas são um recurso limitado. Nós encorajamos os escladores a utilizarem o melhor estilo.
Artigo 10 – Patrocínio, Propaganda e Relações Públicas
MÁXIMA
A cooperação entre patrocinadores e atletas deve ser uma relação profissional que sirva aos melhores interesses dos esportes de montanha. É responsabilidade da comunidade de esportes de montanha, em todos os seus aspectos, educar e informar tanto a mídia como o público de uma maneira proativa.
1. Compreensão mútua entre o patrocinador e o atleta é necessária para a definição de objetivos
em comum. As muitas facetas dos esportes de montanha requerem a identificação clara da especialização tanto do atleta quanto do patrocinador para maximizar as oportunidades.
2. Para manter e melhorar seus níveis de performance, escaladores são dependentes de um contínuo suporte de seus patrocinadores. Por esta razão, é importante que os patrocinadores mantenham a cobertura de seus parceiros mesmo após uma série de falhas. Sob nenhuma circunstância pode o patrocinador pressionar o escalador a obter resultados.
3. Para estabelecer uma presença permanente em toda as mídias, canais claros de comunicação devem ser organizados e mantidos.
4. Escaladores devem se esforçar em relatar suas atividades realisticamente. Um relatório preciso melhora não apenas a credibilidade do escalador, mas também a reputação pública de seu esporte.
5. O atleta é responsável em última instância por representar ao patrocinador e à mídia a ética, o estilo e a responsabilidade ambiental estatuída na Declaração do Tirol.
O Pluralismo dos Jogos de Escalada
A escalada moderna abrange um largo espectro de atividades, variando desde caminhadas e escaladas em boulders a escaladas em paredes e montanhismo. O Montanhismo compreende formas extremas de alpinismo em alta montanha e expedições de escalada em grandes altitudes como os Andes ou o Himalaia. Apesar de as linhas divisórias entre as várias formas de escalada não serem de nenhuma forma rígidas, a categorização a seguir torna possível apresentar a vasta diversidade dos esportes de montanha de forma inteligível:
Caminhada e trekking
Caminhada para abrigos de montanha, colos e cumes é a forma de montanhismo mais difundida. Uma caminhada de vários dias na montanha e em outras áreas selvagens, especialmente fora da trilha batida, é muitas vezes chamada de trek. Uma caminhada se transforma em uma forma de montanhismo tecnicamente mais exigente tão logo as mãos tenham que ser utilizadas para progresso.
Escalada de via ferratas
Vias em terreno rochoso íngreme equipadas com cabos de aço e degraus de ferro estão se tornando mais e mais populares. Uma arena até então reservada para escalada técnica em rocha torna-se acessível por meio de uma elaborada infraestrutura e sistemas especiais de proteção.
Montanhismo clássico
Um montanhista nesta categoria irá escalar vias de até 2.º grau e subir vertentes de neve e gelo de até 50º de inclinação. Os objetivos típicos nesta categoria são as vias normais de picos na zona alpina.
Montanhismo de esqui
Os praticantes desta forma clássica de alpinismo usam esquis alpinos ou esquis telemark para subir montanhas ou realizar longas travessias. Devido à complexidade das habilidades requeridas, esta disciplina se classifica entre as mais exigentes – e perigosas – formas de montanhismo.
A Hierarquia dos “Jogos de Escalada”
Um sistema para categorização dos diferentes tipos de escalada introduzido por Lito TejadaFlores tem se mostrado útil para a descrição das muitas facetas que a escalada técnica moderna tem adquirido. Cada tipo especializado de “jogo” de escalada é definido por um conjunto informal, mas preciso, de regras formuladas de forma a tornar a tarefa à mão difícil – e por isso mais interessante. Quanto maior o perigo em um jogo de escalada específico devido ao ambiente natural, mais indulgentes as restrições para uso de equipamento técnico. Quanto menores os riscos objetivos, mais estritas se tornam as regras.
Escalada de Matacões ou Boulders
Na escalada de matacões, lances difíceis em rocha próximos ao chão são trabalhados, normalmente sem corda. O equipamento permitido é reduzido a sapatilhas, magnésio e – nos dias atuais – “crash pad”. Escalada de boulder é praticada tanto em matacões naturais e rochas quanto em objetos artificiais.
Escalada em objetos artificiais
Nos dias de hoje muitos escaladores utilizam muros artificiais para treinamento e lazer, tanto em casa, quanto em academias ou mesmo em ambientes abertos. Um número crescente de escaladores se dedica exclusivamente a muros artificiais. Há ainda novas formas como escalada terapêutica e escalada artística, como dança ou balé, por exemplo.
Escalada em falésias
Vias de um a três esticões são chamadas de falésias. Como são vias curtas e com ausência quase total de perigos objetivos, a ética da escalada livre tem ganhado aceitação internacional para esse tipo de escalada nas últimas duas décadas. Isso significa que uma via somente conta se nenhum ponto de apoio artificial tiver sido empregado para progressão durante a ascensão.
Escalada contínua
Se uma escalada é mais longa do que três ou quatro esticões, é chamada via de escalada contínua.
Escalada de grandes paredes/escalada artificial
Neste jogo de escalada desenvolvido no Vale de Yosemite, os praticantes ascendem paredes, que não podem ser escalada em livre, com equipamentos especialmente projetados. Eles se esforçam para reduzir tanto quanto possível a perfuração de buracos para a colocação de grampos ou de outros meios de progresso, dessa forma deixando o mínimo de vestígios após completar a ascensão.
Escalada alpina
No “jogo alpino”, os praticantes não apenas têm que lidar com problemas postos pela escalada em si, mas também com perigos “objetivos” do ambiente freqüentemente hostil das altas montanhas. Como a sobrevivência freqüentemente depende não apenas da habilidade de dominar com segurança os problemas técnicos da via, mas também da velocidade da cordada, as regras não escritas do jogo alpino classicamente permitem o uso de pitons e proteções móveis para
progressão. Entretanto, num processo iniciado no final dos anos sessenta, os princípios de escalada livre têm sido aplicados de forma crescente às altas montanhas. Apesar de no início da nova era o foco estar centrado na escalada em livre de vias normalmente escaladas em artificial, não levou muito tempo para que novas escaladas difíceis – conquistadas de acordo com regras mais estritas – aparecessem nas montanhas. Elas incluem tanto vias de aventura extremamente audaciosas, quanto escaladas esportivas hedonísticas.
Um importante aspecto da escalada alpina é a ascensão de vias de gelo. Isso abrange desde vertentes clássicas de gelo a empreendimentos futurístico incrivelmente difíceis. Um tipo de escalada de gelo que tem se tornado popular recentemente é a ascensão de cascatas congeladas, estalactites de gelo e rochas com finas camadas de gelo. Vias mistas de rocha e gelo modernas algumas vezes envolvem movimentos muito difíceis em rocha com o auxílio de crampons e ferramentas de gelo. O jogo é governado pelas regras da escalada em livre. As vias de gelo e as mistas podem variar desde brincadeiras de um curto esticão até operações audaciosas em grandes altitudes que podem demorar muitas semanas.
Escalada de aventura e escalada esportiva
A terminologia moderna de escalada diferencia os estilos de escalada de aventura ou tradicional e de escalada esportiva. Escalada de aventura ou “trad” tem os seguintes elementos:
• A performance é julgada pela quantidade de resistência a estresse necessária para ascensão da via.
• O escalador é responsável pela colocação de proteção ou tem que se virar sem ela.
• Erros cometidos pelo guia podem ter conseqüências drásticas.
Escalada esportiva é caracterizada da seguinte forma:
• A performance é julgada pelo grau técnico da via escalada.
• O elemento cinestésico é dominante.
• Grampos proporcionam proteção perfeita.
• Se técnicas modernas de asseguramento forem empregadas da forma apropriada, quedas de guias tendem a não ser severamente punidas.
Os estilos de escalada de aventura e esportiva podem ser aplicados tanto a morros como a paredes alpinas.
Entre as versões puras de escalada de aventura e escalada esportiva/plaisir há numerosas forma híbridas.
Jogos e “filosofias” de segurança diferentes correspondem a necessidades individuais divergentes de escaladores. A riqueza de formas nos esportes de montanhas proporciona prazer e realização pessoal para um grande número de pessoas – um fato que nós celebramos.
Tanto os amantes da escalada esportiva quanto os seguidores da filosofia da aventura têm o direito de escalar de acordo com seus desejos e habilidades.
Deve ser nosso objetivo preservar o pluralismo dos estilos de escalada, deixando a cada um sua arena específica.
Escalada super-alpina Esta disciplina de montanhismo aplica regras de escalada alpina a terrenos de alta montanha em picos de seis, sete e oito mil metros há muito reservados para expedições tradicionais. No jogo super alpino, cordas fixas, ajuda de fontes externas ou a instalação de uma cadeia de acampamentos e as garrafas de oxigênio são todas rejeitadas.
Escalada de expedição Duas formas deste jogo foram desenvolvidas: A primeira variante tem a função de permitir que o máximo número de membros alcance cumes prestigiosos em altas montanhas por meio da via normal. Eles otimizam a probabilidade de sucesso por meio do uso liberal de carregadores, cordas fixas e oxigênio artificial.
Em contraste, a forma extrema de escalada de expedição emprega esforços para empurrar os limites da dificuldade técnica com a ajuda da maior parte dos equipamentos modernos, excluindo oxigênio engarrafado: cordas fixas, acampamentos em portaledge e depósitos de equipamentos.
Fonte: site da Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro - FEMERJ, disponível em:
http://www.femerj.org/wp-content/uploads/declaracao_tirol.pdf